Adriano Codato
É sempre possível, e freqüentemente desejável, estabelecer conexões explicativas entre os políticos profissionais e suas organizações partidárias com as bases sociais e com os interesses econômicos que eles exprimem (quando exprimem...), ainda que essa operação não seja nada trivial.
Sérgio Miceli, que procurou atar a análise da origem social e da carreira política/burocrática dos políticos do PSD e da UDN em São Paulo nos anos 1940 às forças sociais e às forças políticas da sociedade paulista, encontrou dois padrões bem distintos entre os grupos dirigentes estaduais.
Conforme a agremiação política, eles podiam ligar-se alternativamente aos setores econômicos voltados para o mercado interno ou externo; podiam ligar-se aos setores empresariais industriais, comerciais ou bancários; podiam estar vinculados às camadas médias; ou mesmo aos setores oriundos da burocracia do Estado (1).
Contudo, o que suas conclusões destacam (ou revelam) é antes uma relação de pertencimento de classe, e não uma relação de representação, quer por delegação, quer por autodelegação.
Problema semelhante a esse das ligações entre representação política e interesse social é aquele que a mera ordenação das informações dos processos decisórios induz.
Quando se estabelece uma seqüência significativa entre a articulação de interesses (na sociedade), a formulação de reivindicações (nas organizações políticas), o processamento de iniciativas (em uma instância burocrática qualquer) e a tomada de decisão (numa arena política) no âmbito de uma política qualquer (econômica, financeira etc.), acredita-se que se pode provar que numa relação hipotética entre "A" e "B"
(i) "A" tem poder sobre "B", porque é efetivamente "A" quem afinal decide (como, por exemplo, no modelo de R. Dahl) (2),
ou
(ii) "B" domina "A" porque "A" enfim sempre decide em nome de "B", a favor de "B", a mando de "B" etc., ainda que isso só seja verificável “em termos gerais”, “a longo prazo” etc. (como na formulação dos marxistas: e.g., N. Poulantzas) (3).
G. W. Domhoff propôs, há um bom tempo, uma solução de compromisso entre esses dois métodos, que dizem respeito a quem governa e a quem se beneficia das políticas do governo, acrescentando a essas questões mais uma pergunta: quem vence?
“Quem vence” implica saber quem, em situações de confronto sobre o conteúdo ou a direção de uma dada política, pode efetivamente iniciar, modificar ou vetar uma decisão (4).
Veja o site do professor Domhoff, da Universidade da California, aqui.
Notas:
1. Ver Sergio Miceli, Carne e osso da elite política brasileira pós-1930. In: Fausto, Boris (org.), História geral da civilização brasileira. Tomo III: O Brasil Republicano, 3º. vol. Sociedade e Política (1930-1964). 5ª. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1991, p. 557-597.
2. Cf. Robert Dahl, Who Governs? Democracy and Power in an American City. New Haven, Yale University Press, 1961
3. Cf. Nicos Poulantzas, The Problem of the Capitalist State. New Left Review, n. 58, p. 67-78, Nov.-Dec. 1969.
4. Veja G. William Domhoff, Who Rules America Now? New York: Touchstone, 1983, p. 12-13. .
Teoría de la acción comunicativa Jurgen Habermas
Há uma semana
2 comentários:
Gente, que elegância!Amei isso...Amigo de Renato fofo? Risos...beijo!
eEU SOU A FLOR ESGOTO, NASCI NA CAATINGA... A BEIAV DON CÃO SEM PLMA... jOÃO CABRAL MELONETO.]
CODAO, PROFESS0R
DA CASCALHO!
o PROCESSO DECISÓRIO.. A HEGEMONIA TEM PODERIO EC0NÔMICO E NOS VENDEMOS NOSSA FORÇAS A ESTE.
o ,UNDO ESTÁ INTERDEPENDENTE. sE EU ME CALO POR AQUI,BENEFICIO O SISTEA DE CLASSES AS INSERINDO DENTRO DESTA MANIPPULAÇÃQO HISTÓRICA ATRAVÉS DE PROGRMAS DE DEBAES. Abram-se os teatros. Quebrem as pernas!cac nettto
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