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Bolognesi, B., Ribeiro, E., & Codato, A.. (2023). A New Ideological Classification of Brazilian Political Parties. Dados, 66(2), e20210164. Just as democratic politics changes, so does the perception about the parties out of which it is composed. This paper’s main purpose is to provide a new and updated ideological classification of Brazilian political parties. To do so, we applied a survey to political scientists in 2018, asking them to position each party on a left-right continuum and, additionally, to indicate their major goal: to pursue votes, government offices, or policy issues. Our findings indicate a centrifugal force acting upon the party system, pushing most parties to the right. Furthermore, we show a prevalence of patronage and clientelistic parties, which emphasize votes and offices rather than policy. keywords: political parties; political ideology; survey; party models; elections

12 de setembro de 2012

verbete "populismo"

[fotografia: Rafael Bertelli
Curitiba, Brasil
21 nov. 2008]




Adriano Codato


Há duas formas distintas de entender esse fenômeno político. Deixando de lado o fato de o populismo ser atualmente apenas uma acusação política (como nas expressões “político populista”, “medidas populistas”, etc.), o populismo é, em primeiro plano, um tipo específico de ligação entre o líder e as massas. Trata-se de um estilo político que se apoia em elementos não racionais, tais como a demagogia, a autoridade do chefe político, a sua capacidade quase ilimitada de apelo emocional às bases, a manipulação das vontades e aspirações dos eleitores.

Esse estilo – cujo traço mais saliente é o carisma do líder, isto é, seu poder de encantar, de seduzir, de fascinar seus seguidores – conjuga polos contraditórios. Pode ser tanto moralista (assumindo o discurso contra a corrupção política), quanto amoral (celebrando aquele que “rouba, mas faz”). Progressista em economia (“desenvolvimentista”), conservador nos hábitos (guardião dos “bons costumes”). Mobilizador e, ao mesmo tempo, controlador das organizações e das movimentações das bases. Esse estilo promove uma relação mais afetiva (ou “paternalista”) da massa com o líder do que racional do eleitor com seu representante. Nesse sentido, o populismo seria o exato oposto de (e um obstáculo para a constituição de) uma política ideológica, uma política baseada em ideias claras e em programas de governo verdadeiros e factíveis (Jaguaribe, 1950; Jaguaribe, 1954; Guerreiro Ramos, 1961). Por isso, em algumas variantes mais exageradas dessa explicação, ele se opõe à democracia liberal e aos seus fundamentos.

Mas o populismo, por outro lado, é bem mais que um estilo. É uma ideologia e uma política típicas de uma sociedade em processo de modernização. Essa ideologia e essa política – que conjugam a “ordem” (social) e o “progresso” (econômico) – são o resultado objetivo dos processos de transição de uma economia agroexportadora para uma economia urbano-industrial. É sob esse pano de fundo, que enfatiza as mudanças estruturais da sociedade brasileira no pós-1930, que ele precisa ser explicado.

Essa abordagem, em oposição à anterior, assume então que aquelas características que definiriam o populismo – carisma, demagogia – são aspectos verdadeiros, mas superficiais do fenômeno. Servem para caracterizar o comportamento dos políticos numa sociedade pós-oligárquica, mas não esclarecem nem sua gênese, nem suas propriedades políticas. Essas propriedades só se revelam quando se percebe que o populismo é uma ideologia “de Estado” e uma política “de Estado” (Saes, 1984).

[continua...]

Referência:

CODATO, A. POPULISMO. Teixeira, Francisco M. P. coord. DICIONÁRIO BÁSICO DE SOCIOLOGIA. São Paulo: Global Editora, 2012 (no prelo).
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