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Bolognesi, B., Ribeiro, E., & Codato, A.. (2023). A New Ideological Classification of Brazilian Political Parties. Dados, 66(2), e20210164. Just as democratic politics changes, so does the perception about the parties out of which it is composed. This paper’s main purpose is to provide a new and updated ideological classification of Brazilian political parties. To do so, we applied a survey to political scientists in 2018, asking them to position each party on a left-right continuum and, additionally, to indicate their major goal: to pursue votes, government offices, or policy issues. Our findings indicate a centrifugal force acting upon the party system, pushing most parties to the right. Furthermore, we show a prevalence of patronage and clientelistic parties, which emphasize votes and offices rather than policy. keywords: political parties; political ideology; survey; party models; elections

13 de outubro de 2009

Introdução: A Sociologia e as identidades sociais

[Alice Brill, Viaduto do Chá, 1954.
Pirelli / MASP]


[trecho da introdução ao volume Diferenças, igualdade / Heloisa Buarque de Almeida, José Eduardo Szwako (orgs.) — São Paulo : Berlendis & Vertecchia, 2009 — (Coleção sociedade em foco : introdução às ciências sociais)]

Antonio Sérgio Alfredo Guimarães

Formas de identidade e diferenciação social

"Esta coletânea de textos introdutórios à sociologia faz um recorte particular que é preciso deixar claro aos iniciantes e docentes da disciplina.

O presente volume procurou concentrar-se em cinco categorias – as classes sociais, raças e etnias, gênero, sexualidade e juventude – que permitem entender problemas sociais fundamentais do mundo contemporâneo.

Além disso, essas categorias operam como formas de identidade social que embasam o surgimento, bastante recorrente nos últimos cinquenta anos, de agentes e movimentos sociais responsáveis pela mudança social.

As classes sociais foram introduzidas na sociologia por um precursor da disciplina, Karl Marx, no século 19, quando já era um conceito corrente entre os historiadores e economistas. Em carta a Joseph Weydmeyer de 1852, Marx esclarece o que pensa ser a sua contribuição:

“No que me diz respeito, não me cabe o mérito de ter descoberto nem a existência das classes na sociedade moderna nem a sua luta entre si. Muito antes de mim, historiadores burgueses tinham exposto o desenvolvimento histórico desta luta das classes, e economistas burgueses a anatomia econômica das mesmas. O que de novo eu fiz, foi: 1) demonstrar que a existência das classes está apenas ligada a determinadas fases de desenvolvimento histórico da produção; 2) que a luta das classes conduz necessariamente à ditadura do proletariado; 3) que esta mesma ditadura só constitui a transição para a superação de todas as classes e para uma sociedade sem classes [...].”

As palavras de Marx demonstram claramente o rígido determinismo científico do século 19 em que está inserido. E, ainda, que esta primeira teoria sociológica das classes só faz sentido numa teoria da história mais abrangente (o materialismo histórico). No século 20, boa parte desta teoria já havia sido posta à prova pelo transcorrer da própria história social, inclusive a previsão marxista de uma inevitável revolução proletária nos países mais desenvolvidos da Europa. Nesse mesmo sentido, a filosofia da ciência abandonou os esquemas deterministas rígidos em favor de outras abordagens – instrumentalista, probabilística, compreensiva etc.

Foi neste novo contexto, no fim do século 19, que se fez um grande esforço intelectual para dotar a sociologia de maiores recursos analíticos. Entre os que contribuíram para tanto, podemos citar Ferdinand Tönnies (1855-1936), Georg Simmel (1858-1918) e Max Weber (1864-1920), na Alemanha. Este último autor refinou a noção de classe social como pertencente à esfera da economia, distinguindo-a de associações ou comunidades como os partidos (esfera da política) e os grupos de prestígio. Quanto ao materialismo histórico de Marx, para Weber, este seria apenas um tipo ideal, ou seja, uma construção intelectual que projetava uma trajetória histórica possível, a partir de referências empíricas reais, mas totalmente exageradas.

Mas o fato é que, ao menos na Europa ocidental (em países como Inglaterra, França, Alemanha e, principalmente, Itália), a luta de classes entre trabalhadores e patrões (fossem eles burgueses ou empresas públicas) e também as ações de classe continuaram a marcar decisivamente a vida social e político-partidária. Esses movimentos, junto com as ações do Estado, determinaram, direta ou indiretamente, o desenvolvimento social e histórico. No entanto, o desenvolvimento dos Estados-nação e o aparecimento do nacionalismo enquanto ideologia política contrabalançaram a importância das classes. Ainda assim, durante muito tempo na Europa, a teoria marxista de classes sobreviveu, com pretensões universalistas, junto com a expectativa de que as outras sociedades capitalistas industriais nas Américas e na Ásia desenvolvessem, com o tempo, as mesmas características.

Todavia, nos Estados Unidos, a luta de classes cedeu importância, durante o crescimento industrial, para a competição entre os grupos étnicos, à medida que o mercado capitalista americano crescia baseado principalmente na imigração estrangeira. Junto ao recrudescimento da consciência étnica, cresceu também o racismo contra os povos não europeus, principalmente os de origem africana que buscavam integrar-se na moderna sociedade capitalista norteamericana. [...]"
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