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Bolognesi, B., Ribeiro, E., & Codato, A.. (2023). A New Ideological Classification of Brazilian Political Parties. Dados, 66(2), e20210164. Just as democratic politics changes, so does the perception about the parties out of which it is composed. This paper’s main purpose is to provide a new and updated ideological classification of Brazilian political parties. To do so, we applied a survey to political scientists in 2018, asking them to position each party on a left-right continuum and, additionally, to indicate their major goal: to pursue votes, government offices, or policy issues. Our findings indicate a centrifugal force acting upon the party system, pushing most parties to the right. Furthermore, we show a prevalence of patronage and clientelistic parties, which emphasize votes and offices rather than policy. keywords: political parties; political ideology; survey; party models; elections

14 de maio de 2009

o estudo da ideologia (como conceito) e das ideologias (como práticas)


[Artemide Dioscuri Tavolo.

http://www.traumambiente.de]

Abaixo uma mensagem do colega Fernando Leite, do NUSP e do Mestrado em Sociologia da UFPR, a propósito dos problemas implicados na definição e no estudo da ideologia (como conceito) e das ideologias (como práticas).

Adriano Codato.


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O grande problema de tratar dessa questão (definição e explicação do que é "ideologia" e das principais doutrinas da era moderna) começa com o fato de os próprios termos serem parte do fenômeno político.

É como se nós, cientistas (ou pretendentes a tal), utilizássemos as palavras e os significados de nosso objeto de estudo para estudá-lo.

A especificidade da política (do campo político), a meu ver, agrava o problema: "ideologia", talvez a palavra mais espinhosa da política e da ciência social, atrai todos os interesses; é objeto de todo o interesse político e um dos principais alvos da ação política. O mesmo ocorre com os tipos específicos de doutrinas; na verdade o problema se agrava nesse caso, porque aí somam-se os projetos políticos que trazem consigo a marca de circunstâncias históricas muito singulares.

Inúmeros problemas derivam disso. Podemos tentar olhar para a realidade concreta e extrair dali (da observação das práticas e dos fenômenos políticos em geral) uma definição.

Isso já não é fácil pela própria complexidade histórica do problema, mas o "político" complica especialmente a empreitada, porque as aparências enganam. É preciso muito conhecimento e método p/ não cometer deslizes. Podemos tentar definir "características gerais", mas isso é muito arriscado, porque corre-se o risco de produzir um constructo teórico tão geral e abstrato que não descreve nenhum fato real.

Não adianta dizer "liberalismo possui X, Y e Z características", porque houve inúmeros liberalismos na história: e quem disse que eles eram liberalismos? Corremos o sério risco de hipostasiar conceitos ou de reificar as mitologias de nosso objeto de estudo.

Uma definição adequada precisaria considerar essa especificidade do objeto de estudo, e deve ser histórica, não anistórica ou estática, traduzindo para os conceitos teóricos e para o texto científico a lógica que opera na realidade.

Fernando Leite.
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