Scientist Charles Feltz with other designers
of moonship on 'project Apollo'.
Foto: Fritz Goro, 1962. Fonte: Life.
O editorial de O Estado de S. Paulo de hoje, 29 de dezembro, dedica-se a explicar, com o didatismo dos sábios, porque os recursos para ciência no Brasil não devem ser distribuídos indiscriminadamente pelo País.of moonship on 'project Apollo'.
Foto: Fritz Goro, 1962. Fonte: Life.
Aliás eles devem, na opinião do vestusto diário, serem concentrados nas "universidades de ponta" (USP etc.).
Cientistas dos estados periféricos e de universidades sem grande projeção lançaram um manifesto recentemente contra o sistema de avaliação do CNPq que orienta a aplicação do dinheiro do contribuinte. Na matéria do jornal, o texto do manifesto da não elite foi resumido assim:
"Um manifesto assinado por mais de 180 cientistas, alunos e professores de pequenas instituições de ensino e pesquisa do País acusa o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) de funcionar como uma "oligarquia", ignorando as necessidades de pesquisadores fora da "elite" acadêmica das grandes universidades. A carta foi enviada no início do mês a várias lideranças políticas do setor em Brasília, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No manifesto, os autores pedem uma revisão das regras para concessão de bolsas e financiamento de projetos - normas que, segundo eles, não dão chances aos pesquisadores de pequenas instituições."
E citam a parte essencial do documento:
"Nos pequenos centros (...) os pesquisadores não só não possuem estas condições como ainda têm de dedicar grande parte de seu tempo à criação destas condições", diz o manifesto. "É, portanto, incorreto julgar, por um critério igual, pesquisadores que possuem condições de pesquisa desiguais. Esta prática amplifica as desigualdades e é injusta, pois não premia necessariamente os melhores pesquisadores, mas sim os que têm as melhores condições de pesquisa."
O editorial de O Estado de S. Paulo postula o seguinte:
Embora seja compreensível que os pesquisadores e professores desses centros e Universidades queiram mais verbas, não faz sentido a União pulverizar recursos escassos em matéria de pesquisa e tecnologia. Desenvolvimento científico é uma atividade cara e países como os Estados Unidos, Alemanha e Japão concentram seus gastos com pesquisa nas Universidades de ponta, deixando às demais instituições as tarefas de ensino e extensão.
(O Estado de São Paulo, 29/12/2008)
[leia o editorial inteiro aqui, no Jornal da Ciência, da SBPC].
É difícil decidir quem tem menos razão nessa briga: nós, da periferia universitária nacional, ou os oligarcas do CNPq.
Não assinei o documento. Uma das razões é a seguinte. Penso que antes de gritarmos contra as injustiças do sistema de ciência brasileiro faria bem refletirmos sobre o burocratismo reinante nas universidades de menor prestígio.
É verdade que gastamos mais tempo para criar condições de pesquisa do que para pesquisar de fato (publicar um periódico científico então é outra novela).
Mas isso se deve muito mais a impedimentos administrativos que são criados NAS PRÓPRIAS UNIVERSIDADES PELOS PRÓPRIOS DIRIGENTES DAS UNIVERSIDADES (penso aqui principalmente no sistema de universidades federais). A maioria dos procedimentos internos, a rotina burocrática, os ritos de tabelionato não ficam a dever nada a uma repartição pública.
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