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Bolognesi, B., Ribeiro, E., & Codato, A.. (2023). A New Ideological Classification of Brazilian Political Parties. Dados, 66(2), e20210164. Just as democratic politics changes, so does the perception about the parties out of which it is composed. This paper’s main purpose is to provide a new and updated ideological classification of Brazilian political parties. To do so, we applied a survey to political scientists in 2018, asking them to position each party on a left-right continuum and, additionally, to indicate their major goal: to pursue votes, government offices, or policy issues. Our findings indicate a centrifugal force acting upon the party system, pushing most parties to the right. Furthermore, we show a prevalence of patronage and clientelistic parties, which emphasize votes and offices rather than policy. keywords: political parties; political ideology; survey; party models; elections

5 de outubro de 2008

Opinião - O eleitor juiz


[The line of light shows how the blind
man walked around obstacles guided
by echoes of his footsteps. Austria, 1953.
Ralph Crane. Life]

Jornal do Brasil
05 de julho de 2008

Luciana Fernandes Veiga

PROFESSORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ E PESQUISADORA DO LABORATÓRIO DE COMUNICAÇÃO POLÍTICA E OPINIÃO PÚBLICA DOXA/IUPERJ

Mais uma vez, assistimos os eleitores se comportarem como juízes, dando um cartão verde ou vermelho ao prefeito que busca a reeleição ou que indica um substituto para a empreitada a partir da avaliação que fazem de sua gestão. O político que conta com uma administração bem avaliada tende a receber os louros no dia 26 de outubro ou mesmo no dia 05. Já o político mal avaliado deverá ser recusado nas urnas. De Sul a Norte, tem-se a tendência.

Em Curitiba, o atual prefeito Beto Richa (PSDB), cuja administração conta com a aprovação de mais de 80% da população, provavelmente sairá eleito das urnas ainda hoje. Caso semelhante tem-se em Maceió, em que Cícero Almeida (PP) ruma para a vitória ainda no primeiro turno com aproximadamente 80% de intenções de voto e uma taxa semelhante de aprovação de sua gestão. Na mesma linha, segue o desempenho de Íris Rezende, em Goiânia. Resguardadas as diferenças nas trajetórias e perfis dos candidatos aqui considerados, um par de argumentos predomina na justificativa para o voto de seus eleitores: satisfação com as melhorias urbanas, que beneficiam as vidas das pessoas, e o anseio de continuidade. E as campanhas reforçam com seus jingles: "O trabalho continua e é assim que tem que ser, Curitiba quer mais quatro anos com você". E ainda: "O que é bom a gente quer de novo", em Maceió.

Em Recife, João Paulo (PT) não pode se candidatar novamente e aproveita o seu prestígio, decorrente de uma administração bem avaliada para ajudar eleger João da Costa (PT). Em Belo Horizonte, Pimentel (PT) e Aécio (PSDB) – ambos bem avaliados – emprestam prestígio para Márcio Lacerda (PSB). Os dois apadrinhados lideram a disputa.

Mas o inverso também se aplica. No Rio de Janeiro, Cesar Maia (DEM), desgastado, não demonstra o desempenho enquanto padrinho de outrora, quando conseguiu eleger Luiz Paulo Conde. Sua candidata Solange Amaral demonstra um resultado ruim nas pesquisas de opinião, estando, de verdade, fora do páreo.

Em duas capitais, prefeitos que não obtiveram grandes resultados em suas gestões na avaliação da população, agora, correm em busca de votos para chegarem ao segundo turno e tentarem a reeleição. Em Salvador, João Henrique (PMDB) enfrenta a liderança de ACM Neto (DEM) e o máximo que obteve até agora foi 20% de intenções de voto, podendo chegar ou não ao segundo turno. Em São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) deve conseguir chegar em segundo lugar no primeiro turno, garantindo a sua participação em 26 de outubro contra Marta Suplicy (PT), embora não tenha atingido ainda nem 30% de intenções de voto em pesquisas.

Todos esses casos apontam para o efeito da percepção da qualidade da gestão municipal em uma disputa para prefeitura. Que os próximos prefeitos entendam o recado das urnas: a melhor propaganda é uma boa administração. Pois diante do cálculo "o que o prefeito atual fez por mim nessa gestão?" e, ainda, "o que ele poderá fazer por mim se continuar por mais quatro?" não há milagre de marketing por parte da oposição que resista. E, por sua vez, é preciso entender a necessidade de a oposição atuar no decorrer dos quatro anos e não apenas a partir de agosto do ano eleitoral.
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