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Bolognesi, B., Ribeiro, E., & Codato, A.. (2023). A New Ideological Classification of Brazilian Political Parties. Dados, 66(2), e20210164. Just as democratic politics changes, so does the perception about the parties out of which it is composed. This paper’s main purpose is to provide a new and updated ideological classification of Brazilian political parties. To do so, we applied a survey to political scientists in 2018, asking them to position each party on a left-right continuum and, additionally, to indicate their major goal: to pursue votes, government offices, or policy issues. Our findings indicate a centrifugal force acting upon the party system, pushing most parties to the right. Furthermore, we show a prevalence of patronage and clientelistic parties, which emphasize votes and offices rather than policy. keywords: political parties; political ideology; survey; party models; elections

8 de outubro de 2008

Nova classe média: uma síntese do capitalismo



Instituto Humanitas Unisinos
entrevista
com Patricia Trópia, da PUC-Campinas/Cemarx-Unicamp

IHU On-Line – Podemos identificar realmente uma nova classe média? O que poderia ser caracterizado como essa nova classe social?

Patrícia Trópia – O termo nova classe média refere-se a um conjunto bastante heterogêneo de trabalhadores cuja origem é o final do século XIX – o que nos leva, de partida, a afirmar que a classe média não é “nova”. O termo foi utilizado pelo sociólogo norte-americano Charles Wright Mills [1] em referência à camada intermediária entre operariado e burguesia, camada que então se expande, a partir da fase monopolista do capitalismo. Wright Mills chamou este conjunto de trabalhadores de “colarinhos brancos”. Trata-se basicamente dos trabalhadores assalariados não-manuais. O adjetivo novo tem a função de evidenciar que, se inicialmente a classe média era minoritária quantitativamente e composta basicamente por profissionais liberais, a partir do século XX os trabalhadores de classe média superam numericamente a classe operária e passam a desempenhar funções de natureza burocrática, administrativa, financeira, no setor de serviços e de comunicação, no setor público e privado. Então se a nova classe média constitui um segmento social secular, haveria uma novíssima classe média, ou seja, a classe média teria se modificado ao longo ou no final do século XX?

A classe média tem se modificado muito em função do desenvolvimento e das crises do capitalismo. A expansão das estruturas sociais de bem-estar social, do setor de serviços e o crescimento das hierarquias nas empresas públicas e privadas, por exemplo, levaram ao aumento numérico da classe média ao longo do século XX. Por sua vez, como evidenciam os pesquisadores contemporâneos, desde a década de 1990, com a implantação de reformas neoliberais e do processo de reestruturação produtiva nas empresas, algumas ocupações de classe média têm encolhido, embora outras tenham aumentado (como por exemplo, o setor informacional).

Como podemos então caracterizar a classe média? Esta não é uma questão simples. Ela exige um inicial esclarecimento. A maioria dos estudos sobre a classe média parte da teoria weberiana. Para Weber [2], classe social significa a posição dos indivíduos em uma escala de estratificação social, cuja medida é dada pelo montante de renda. Desta forma, aqueles indivíduos que ocupam uma posição intermediária (nem a mais baixa, nem a mais alta) são genericamente denominados classe média. A tradicional classificação em sub-classes A, B, C, D e E tem como fundamento esta visão estratificada. Outros estudiosos do tema sofisticaram um pouco esta classificação inicial de Weber, ao acrescentar ao critério econômico a posição nas relações de mercado (a capacidade de consumo) e nas relações de status e poder.

Contudo, o problema deste esquema de classificação é que as classes são vistas como grupos sobrepostos de indivíduos e não como expressão de relações de conflito e exploração (Marx [3]). De forma bastante sintética, creio que o melhor seria falar em classes médias, ou seja em frações de um conjunto de trabalhadores – os trabalhadores não-manuais –, que têm suas características marcadas pela divisão do trabalho, mais precisamente pela rejeição à igualização socioeconômica entre trabalho manual e não manual. Nesta perspectiva, os trabalhadores de classe média concebem a divisão do trabalho como um dado natural e não como a resultante histórica de um processo inerente à exploração capitalista do trabalho.

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