artigo recomendado

Bolognesi, B., Ribeiro, E., & Codato, A.. (2023). A New Ideological Classification of Brazilian Political Parties. Dados, 66(2), e20210164. Just as democratic politics changes, so does the perception about the parties out of which it is composed. This paper’s main purpose is to provide a new and updated ideological classification of Brazilian political parties. To do so, we applied a survey to political scientists in 2018, asking them to position each party on a left-right continuum and, additionally, to indicate their major goal: to pursue votes, government offices, or policy issues. Our findings indicate a centrifugal force acting upon the party system, pushing most parties to the right. Furthermore, we show a prevalence of patronage and clientelistic parties, which emphasize votes and offices rather than policy. keywords: political parties; political ideology; survey; party models; elections
Mostrando postagens com marcador análise de classe. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador análise de classe. Mostrar todas as postagens

17 de março de 2010

Classe social, elite política e elite de classe

[Life]

Classe social, elite política e elite de classe: por uma análise societalista da política [pdf]

Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, v. 1, n. 2 jul./dez. 2009.

Renato Perissinotto e Adriano Codato

Resumo: O artigo retoma um problema tradicional da teoria social, que é o da oposição entre os conceitos de “classe social” e “elite”, já discutido por autores como Aron, Wright Mills, Miliband, Bottomore, Giddens, Therborn, dentre outros. Não se pretende apresentar aqui nenhuma contribuição teórica original. Nosso objetivo, ao invés, é insistir nas vantagens analíticas e nas dificuldades práticas dessa junção conceitual, procurando mostrar como o conceito de “elite de classe” torna possível a operacionalização de uma análise classista da política.

Abstract: The article retakes a traditional question in social theory, the opposition between the concepts of “social class” and “elite”, already discussed by authors like Aron, Wright Mills, Bottomore, Giddens, Therborn, and others. It is not the article’s purpose to present any original theoretical contribution. Its main purpose is to insist on the analytical advantages and practical difficulties of this conceptual connection, and, at the same time, to make out a case for the concept of “class elite” as one that makes possible a class analysis of politics.

Introdução
O propósito deste artigo é voltar a discutir a possibilidade (e os impedimentos) de uma análise da dinâmica política das sociedades contemporâneas que enfatizasse a variável “classe social”.

Pretendemos considerar esse tema a partir da perspectiva teórica apresentada há um bom tempo por autores como Aron, Mills, Miliband, Bottomore, Giddens, Therborn. Esses cientistas sociais defenderam, cada um a sua maneira, que uma forma possível para operacionalizar o conceito de classe social seria por meio de sua articulação com o conceito de elite (econômica e/ou política).

Não aspiramos apresentar nenhuma proposição teórica inédita com relação a essa sugestão mais geral. Nosso objetivo é, acatando essa proposição, enfatizar a necessidade de uma discussão acerca dos procedimentos metodológicos que permitiriam operacionalizar a junção das duas noções de modo cientificamente rentável. Acreditamos que uma discussão dessa natureza possa contribuir para fazer avançar uma análise classista da política empiricamente orientada.

O artigo está dividido em seis partes. Na primeira, apresentamos algumas observações que justificam a retomada desse problema aparentemente superado pela Ciência Política contemporânea; em seguida, resumimos as principais críticas ao conceito de “elite política”, procurando mostrar que, apesar de aceitáveis em alguns pontos, tais críticas não comprometem sua validade heurística; na terceira parte discutimos as críticas que apontam para as dificuldades de pensar a classe social como ator político e, assim como no item anterior, defendemos que a validade relativa de algumas dessas críticas também não implica na rejeição peremptória desse conceito; na quarta parte, apresentamos nossos argumentos em defesa da junção dos dois conceitos e, por fim, listamos algumas sugestões para operacionalizar o uso conjunto do conceito de elite e de classe para efetuar uma análise classista da política.

[clique aqui para baixar o artigo completo em pdf ou html]

.

9 de janeiro de 2010

ainda a teoria das classes sociais

[Avenida Paulista, 1983
Carlos Fadon Vicente.
Pirelli/MASP]


O CONCEITO DE CLASSES SOCIAIS E A LÓGICA DA AÇÃO COLETIVA
Bruno P. W. Reis

Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, 34 (3): 415-41. 1991.

O artigo sustenta que a formulação olsoniana da lógica da ação coletiva, ao demonstrar a indeterminação da conduta política dos membros de uma mesma classe social, lança um grave desafio sobre a teoria marxista das classes sociais, pois impede qualquer afirmação conclusiva sobre a inevitabilidade da revolução proletária. Em seguida examinam-se as contribuições ao assunto feitas por autores como G. A. Cohen, John Roemer, Jon Elster e Adam Przeworski, buscando captar em que medida cada um se inclina por uma concepção “objetivista” (ênfase na classe “em si”) ou “subjetivista” (ênfase na classe “para si”) do conceito de classe social. Ao final, o artigo conclui reconhecendo o caráter incontornável da indeterminação da conduta política dos membros de uma classe e rechaçando as tentativas – especialmente a de Przeworski – de se contornar o problema através de redefinições do conceito de classe social que redundam na redução do nexo causal entre classe e conflito a uma circularidade tautológica. Preserva-se, não obstante, a relevância do conceito de classes sociais na análise sociológica – em termos muito próximos, senão idênticos, às formulações de Max Weber sobre o tema – como base freqüente, embora não necessária, da ação comunal.

para ler o artigo
completo, clique aqui
.

7 de janeiro de 2010

entendendo as classes sociais

[Série A Várzea do Carmo, 1979-1980
São Paulo, SP
Raul Garcez.
Pirelli/MASP]



Eis um exemplo das grandes descobertas da sociologia política marxista contemporânea.
Erik Olin Wright publicou no último número da New Left Review o artigo UNDERSTANDING CLASS.
NLR, n. 60 nov./dec. 2009

Ele sustenta, basicamente, que uma nova teoria das classes deve combinar três modelos de análise social: o marxista, o weberiano e as teorias da estratificação social.

Abaixo, a introdução do bruto.

Towards an Integrated Analytical Approach

When I began writing about class in the mid-1970s, I viewed Marxist and positivist social science as foundationally distinct and incommensurable warring paradigms. I argued that Marxism had distinctive epistemological premises and methodological approaches which were fundamentally opposed to those of mainstream social science. In the intervening period I have rethought the underlying logic of my approach to class analysis a number of times. [1] While I continue to work within the Marxist tradition, I no longer conceive of Marxism as a comprehensive paradigm that is inherently incompatible with ‘bourgeois’ sociology. [2]

Having previously argued for the general superiority of Marxist class analysis over its main sociological rivals—especially Weberian approaches and those adopted within mainstream stratification research—I now take the view that these different ways of analysing class can all potentially contribute to a fuller understanding by identifying different causal processes at work in shaping the micro- and macro- aspects of inequality in capitalist societies. The Marxist tradition is a valuable body of ideas because it successfully identifies real mechanisms that matter for a wide range of important problems, but this does not mean it has a monopoly on the capacity to identify such mechanisms. In practice, then, sociological research by Marxists should combine the distinctive Marxist-identified mechanisms with whatever other causal processes seem pertinent to the explanatory task at hand. [3] What might be called a ‘pragmatist realism’ has replaced the ‘grand battle of paradigms’.

For the sake of simplicity, in what follows I will focus on three clusters of causal processes relevant to class analysis, each associated with a different strand of sociological theory. The first identifies classes with the attributes and material life conditions of individuals. The second focuses on the ways in which social positions afford some people control over economic resources while excluding others—defining classes relative to processes of ‘opportunity hoarding’. The third approach conceives of classes as being structured by mechanisms of domination and exploitation, in which economic positions accord some people power over the lives and activities of others. The first is the approach taken in stratification research, the second is the Weberian perspective, and the third is associated with the Marxist tradition.
.

22 de outubro de 2009

O Estado de todas as culpas

[Moças na Janela, 1950.
Salvador, BA. Pierre Verger
Pirelli / MASP]

O Estado de S. Paulo,
6.9.2009

Jessé Souza

O debate público e político brasileiro, há algumas décadas, é travado sob a forma de um suposto conflito entre mercado e Estado. A atual discussão sobre o petróleo do assim chamado pré-sal apenas o confirma. Assim sendo, se quisermos compreender efetivamente o que está em jogo nesse debate conjuntural sobre o que fazer com o dinheiro do petróleo recém-descoberto - assim como compreender os debates conjunturais do passado recente e dos que ainda vão acontecer no futuro próximo - temos que focar nossa capacidade compreensiva na reconstrução da estrutura invisível presente em todas essas situações conjunturais passageiras. O tema do debate muda ao sabor das circunstâncias. Sua "estrutura profunda", no entanto, permanece a mesma. Qual é a estrutura profunda nunca tematizada enquanto tal na mídia? O Estado é sempre suspeito de "politicagem" e de "aparelhamento" por indicações políticas e o mercado é definido como instância "técnica", ou seja, reflexo da "racionalidade pura" e do "cálculo técnico". Um é a esfera do "privilégio inconfessável" e o outro o reflexo da "razão técnica" supostamente no interesse de todos. É isso que explica o foco constante e diário na "corrupção política" como a lembrar ao público onde está o mal e onde está o bem. Como tudo no mundo social, essa é uma realidade "construída", fruto de uma leitura seletiva e interessada do mundo.

Como a recente crise mundial mostrou sobejamente (já nos esquecemos dela?), a corrupção é endêmica tanto no mercado quanto no Estado em qualquer latitude do globo. A mitigação da corrupção em qualquer esfera da vida ocorre quando os mecanismos de controle ganham eficiência. A leitura seletiva do Estado como ineficiente e corrupto e do mercado como pura virtude esconde a ambiguidade constitutiva dessas duas instituições que podem servir ao bem ou ao mal conforme seu uso. Por que a "dramatização" cotidiana mil vezes repetida de justamente essa visão distorcida do mundo? A meu ver porque ela é o núcleo mesmo da violência simbólica - aquele tipo de violência que não "aparece" como violência - que torna possível a manutenção e a reprodução continuada no tempo da sociedade complexa mais desigual e injusta do planeta.

O mundo social não é perceptível a olho nu. Pode-se ver a pobreza e a desigualdade nas ruas e não se perceber suas causas. O brasileiro das ruas aprendeu a vincular as mazelas sociais do Brasil à corrupção política. A tese do Estado corrupto - ou a tese do "patrimonialismo" na sua versão erudita igualmente conservadora e frágil - mata dois coelhos com uma mesma cajadada. Como o conflito que ela cria é falso de fio a pavio - na realidade, mercado e Estado são interdependentes e igualmente ambivalentes -, ela ajuda a fabricar uma realidade que permite esconder todos os conflitos sociais reais. Pior ainda. Como uma falsa oposição é dramatizada como "conflito", tem-se a impressão de que existe efetivo debate crítico entre nós, de que temos uma esfera pública atuante, uma mídia atenta e crítica e um país politicamente avançado, quando a realidade é, ponto por ponto, precisamente o inverso.

A dramatização do Estado ineficiente e corrupto serve como fachada para "representar" a política sob a forma simplista, subjetivada e maniqueísta das novelas, enquanto se cala e se esconde acerca das bases de poder real na sociedade. Toda a aparência é de "crítica social", enquanto toda ação efetiva é a da conservação dos privilégios reais. Assim, fala-se do combate aos "coronéis" e às "oligarquias" - sempre caricatamente nordestinas como o bigode de Sarney - enquanto escondem-se as reais novas oligarquias responsáveis por abocanhar quase 70% do PIB sob a forma de lucro ou juros reduzindo os salários a pouco mais de 30%. Nos países europeus social-democratas essa proporção é inversa. As falsas oposições escondem oposições reais. O falso "charminho crítico" da dramatização do Estado ineficiente e corrupto serve para esconder e desviar a atenção para a luta de classes que cinde o país entre privilegiados que possuem um exército de pessoas para servi-los a baixo preço e dezenas de milhões de excluídos sem nenhuma chance nem esperança de mudança de vida.

Para todo um exército de analistas que se concentram no "teatro" da política - com suas fofocas e escaramuças diárias entre senadores e deputados com poder decisório entre o nada e o muito pouco - falar-se em "luta de classes" é um tabu. Luta de classes é coisa do passado, tem a ver com greves de trabalhadores e sindicatos que estão desaparecendo ou perdendo importância. Essa é a cegueira da política como "espetáculo" pseudocrítico para um público acostumado à informação sem reflexão. A luta de classes só é percebida nas raras vezes em que as classes oprimidas logram alguma forma de reação pública eficaz. Condenam-se ao esquecimento todas as formas naturalizadas e cotidianas do uso e abuso do trabalho barato e não valorizado. Um pequeno exemplo. O exército de babás, empregadas, faxineiras, porteiros, office-boys, motoboys, que permitem que a classe média brasileira possa dedicar seu tempo a trabalhos valorizados e bem pagos relegando o trabalho pesado e mal pago a outra classe de seres humanos que tiveram o azar de nascer na família (e na classe social) errada. Isso não é "luta de classes"? Apenas porque não há piquetes, polícia e sangue nas ruas? Apenas porque essa dominação é silenciosa e aceita, dentre outras coisas porque também eles, os humilhados e ofendidos, ouvem todo dia que o nosso único mal é a corrupção no Senado ou em algum órgão estatal?

E para as classes média e alta? Não é um verdadeiro presente dos deuses ter privilégios que nem seus consortes europeus ou norte-americanos possuem e ainda poder ter a consciência tranquila de quem sabe que o mal do Brasil está em "outro" lugar, lá bem longe em Brasília, um "outro" abstrato, mau por definição, em relação ao qual podemos nos sentir a "virtude" por excelência? Não se fecha com isso um círculo de ferro onde necessidades sociais e existenciais podem ser manipuladas por uma política e uma mídia conservadora e seu público ávido por autolegitimação e por consciência tranquila?

Para Max Weber - pensador crítico mal lido entre nós como inspiração para a tese do patrimonialismo - os ricos, saudáveis e charmosos, em todas as épocas e em todos os lugares, não querem apenas ser ricos, saudáveis e charmosos. Eles querem saber que têm "direito" a serem ricos, saudáveis e charmosos em oposição aos pobres, doentes e feios. É essa necessidade o verdadeiro fundamento e razão do sucesso da tese da suspeição do Estado entre nós. Ela serve como uma luva para não perceber e naturalizar um cotidiano injusto e ainda transferir qualquer responsabilidade para uma entidade abstrata e longínqua, garantindo boa consciência e aparência de envolvimento crítico na política.

A cortina de fumaça do falso debate acerca da demonização do Estado serve para deslocar a única e verdadeira questão do Brasil moderno: uma desigualdade abissal que separa gente com todos os privilégios, de um lado, de subgente sem nenhuma chance real de uma vida digna desse nome, de outro lado. O culpado desse crime coletivo não é apenas o bigode de Sarney. É toda uma sociedade infantilizada por falsos debates e por falsas prioridades e que ainda se pensa - suprema autoindulgência - como crítica e atuante. Esse projeto político não é de partidos, até porque o consenso conservador atinge todos indistintamente. As tímidas iniciativas de política social do atual governo, por exemplo, são mero paliativo da efetiva redenção dos secularmente humilhados e ofendidos. O que fazer com os recursos do pré-sal poderia e deveria ser o estopim para um novo debate brasileiro, corajoso, maduro e generoso, por oposição ao debate covarde, infantil e mesquinho que temos hoje.

Jessé de Souza Possui graduação em Direito pela Universidade de Brasília (1981), mestrado em Sociologia pela Universidade de Brasília (1986), doutorado em Sociologia pela Karl Ruprecht Universität Heidelberg, Alemanha (1991) e livre docência em sociologia pela Universität Flensburg, Alemanha (2006). Realizou estágios pós-doutorais na New School for Social research de Nova Iorque, EUA (1994-1995) e, como Professor visitante, na Universität Bremen, Alemanha (1999-2000).
.

13 de outubro de 2009

Introdução: A Sociologia e as identidades sociais

[Alice Brill, Viaduto do Chá, 1954.
Pirelli / MASP]


[trecho da introdução ao volume Diferenças, igualdade / Heloisa Buarque de Almeida, José Eduardo Szwako (orgs.) — São Paulo : Berlendis & Vertecchia, 2009 — (Coleção sociedade em foco : introdução às ciências sociais)]

Antonio Sérgio Alfredo Guimarães

Formas de identidade e diferenciação social

"Esta coletânea de textos introdutórios à sociologia faz um recorte particular que é preciso deixar claro aos iniciantes e docentes da disciplina.

O presente volume procurou concentrar-se em cinco categorias – as classes sociais, raças e etnias, gênero, sexualidade e juventude – que permitem entender problemas sociais fundamentais do mundo contemporâneo.

Além disso, essas categorias operam como formas de identidade social que embasam o surgimento, bastante recorrente nos últimos cinquenta anos, de agentes e movimentos sociais responsáveis pela mudança social.

As classes sociais foram introduzidas na sociologia por um precursor da disciplina, Karl Marx, no século 19, quando já era um conceito corrente entre os historiadores e economistas. Em carta a Joseph Weydmeyer de 1852, Marx esclarece o que pensa ser a sua contribuição:

“No que me diz respeito, não me cabe o mérito de ter descoberto nem a existência das classes na sociedade moderna nem a sua luta entre si. Muito antes de mim, historiadores burgueses tinham exposto o desenvolvimento histórico desta luta das classes, e economistas burgueses a anatomia econômica das mesmas. O que de novo eu fiz, foi: 1) demonstrar que a existência das classes está apenas ligada a determinadas fases de desenvolvimento histórico da produção; 2) que a luta das classes conduz necessariamente à ditadura do proletariado; 3) que esta mesma ditadura só constitui a transição para a superação de todas as classes e para uma sociedade sem classes [...].”

As palavras de Marx demonstram claramente o rígido determinismo científico do século 19 em que está inserido. E, ainda, que esta primeira teoria sociológica das classes só faz sentido numa teoria da história mais abrangente (o materialismo histórico). No século 20, boa parte desta teoria já havia sido posta à prova pelo transcorrer da própria história social, inclusive a previsão marxista de uma inevitável revolução proletária nos países mais desenvolvidos da Europa. Nesse mesmo sentido, a filosofia da ciência abandonou os esquemas deterministas rígidos em favor de outras abordagens – instrumentalista, probabilística, compreensiva etc.

Foi neste novo contexto, no fim do século 19, que se fez um grande esforço intelectual para dotar a sociologia de maiores recursos analíticos. Entre os que contribuíram para tanto, podemos citar Ferdinand Tönnies (1855-1936), Georg Simmel (1858-1918) e Max Weber (1864-1920), na Alemanha. Este último autor refinou a noção de classe social como pertencente à esfera da economia, distinguindo-a de associações ou comunidades como os partidos (esfera da política) e os grupos de prestígio. Quanto ao materialismo histórico de Marx, para Weber, este seria apenas um tipo ideal, ou seja, uma construção intelectual que projetava uma trajetória histórica possível, a partir de referências empíricas reais, mas totalmente exageradas.

Mas o fato é que, ao menos na Europa ocidental (em países como Inglaterra, França, Alemanha e, principalmente, Itália), a luta de classes entre trabalhadores e patrões (fossem eles burgueses ou empresas públicas) e também as ações de classe continuaram a marcar decisivamente a vida social e político-partidária. Esses movimentos, junto com as ações do Estado, determinaram, direta ou indiretamente, o desenvolvimento social e histórico. No entanto, o desenvolvimento dos Estados-nação e o aparecimento do nacionalismo enquanto ideologia política contrabalançaram a importância das classes. Ainda assim, durante muito tempo na Europa, a teoria marxista de classes sobreviveu, com pretensões universalistas, junto com a expectativa de que as outras sociedades capitalistas industriais nas Américas e na Ásia desenvolvessem, com o tempo, as mesmas características.

Todavia, nos Estados Unidos, a luta de classes cedeu importância, durante o crescimento industrial, para a competição entre os grupos étnicos, à medida que o mercado capitalista americano crescia baseado principalmente na imigração estrangeira. Junto ao recrudescimento da consciência étnica, cresceu também o racismo contra os povos não europeus, principalmente os de origem africana que buscavam integrar-se na moderna sociedade capitalista norteamericana. [...]"
.

7 de outubro de 2009

diferenças, igualdades (col. sociedade em foco)


Berlendis & Vertecchia
editora

Sociedade em foco é uma coleção de introdução à Sociologia e às Ciências Sociais para o ensino médio e os anos iniciais do ensino superior. O objetivo é contribuir para uma compreensão da sociedade contemporânea em sua complexidade.

Parte-se da realidade à nossa volta: os fatos e agentes sociais, seus dilemas, conflitos e desafios. Trata-se de introduzir o leitor aos métodos e abordagens das Ciências Sociais, com exemplos concretos que permitem visualizar e entender as teorias envolvidas.

Este volume, diferenças, igualdade, trata das formas de hierarquia e diferenciação social. O leitor é convidado a refletir sobre alguns dos conceitos centrais da disciplina: classes sociais, raça, gênero, sexualidade e geração.




Berlendis & Vertecchia
Rua Moacyr Pisa, 63
01421-030 | São Paulo - SP
Tel 11 3085-9583
Fax 11 3085-2344
.

25 de agosto de 2009

Marxismo e elitismo: dois modelos antagônicos de análise social?


[Auto worker. US, 1938.
William Vandivert. Life]

artigo a ser publicado na
Revista Brasileira de Ciências Sociais
.
Adriano Codato
Renato Perissinotto


Resumo
O artigo contrapõe-se às proposições sobre poder, classe e dominação política de classe elaboradas por uma vertente particular do marxismo - o marxismo estruturalista -, por meio de um diálogo crítico com um de seus autores paradigmáticos: Nicos Poulantzas. O artigo defende que, ao contrário do que sugere Poulantzas, a introdução do conceito de “elite” no interior do marxismo teórico pode ser produtivo para o desenvolvimento dessa perspectiva de análise social, tornando a abordagem classista da política operacionalizável cientificamente.

Palavras-chave: marxismo; teoria das elites; teoria social; Nicos Poulantzas; análise de classe.

Abstract
The purpose of this article is to contrapose the propositions on power, class and political domination presented by a particular interpretation of Marxism - structuralist Marxism - through a critical dialogue with one of its most paradigmatic authors: Nicos Poulantzas. The article states, against Poulantzas suggestions, that the insertion of the concept of “élite” in theoretical Marxism may produce positive effects on it, specially making the classist analysis of politics scientifically manageable.

Key words: Marxism; Élite theory; Social theory; Nicos Poulantzas; Class analysis.


para ler o texto completo clique aqui. [em breve]
.