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10 de março de 2011

teorias sociais e interesse de classe

[Homem com Peixe, c. 1945
Marcel Gautherot.  
Pirelli/MASP] 



para ler antes ou depois de assistir ao filme Inside Job (documentário, EUA, 120 min., diretor: Charles Ferguson)


Folha de S. Paulo,
quarta-feira, 09 de março de 2011
   
Teorias sociais

ANTONIO DELFIM NETTO

Todo analista de problemas sociais comprometido com uma "teoria" e, portanto, engajado, impõe-se uma sorte de miopia. Seja o caso: a) de um "neoclássico" que crê no equilíbrio geral do sistema econômico para dar um "ar científico" às suas recomendações; b) de um "marxista" que crê no materialismo histórico para dar um "ar de ciência" de como ver o mundo e sugerir sua mudança, ou c) de um "keynesiano" que se concentra na demanda global, na irremediável incerteza sobre o futuro, em conceitos psicológicos duvidosos e tem a teoria geral como o limite intransponível à compreensão da economia.

Em ciências humanas, as "teorias" são produto do tempo e do espaço: dos interesses políticos, econômicos e sociais (no fundo, de como a sociedade se organiza), da sua história e das circunstâncias impostas por seu território.

Elas e, portanto, suas recomendações variam no tempo e no espaço conforme interesses da classe que detém o poder e pode produzir a "política econômica" que lhe convém.

Há, consequentemente, sérias dúvidas sobre a famosa alegação de Keynes de que "as concepções de economistas e filósofos políticos, corretas ou erradas, são mais poderosas do que geralmente se suspeita... e que homens práticos, que se creem infensos a qualquer influência intelectual são, frequentemente, escravos do pensamento de algum economista que já morreu".

Sua própria teoria foi produto do seu tempo e do seu espaço.

Como lembrou o professor Von Mering (1944), o brilhante mas discutível Pareto ("Mind and Society") mostrou que os interesses (que chamamos de A), a política econômica (B) e a teoria (C) podem ter outra ordem: os interesses da classe que tem o poder político (A) constroem a política econômica que os satisfaz (B) e a teoria (C) racionaliza tal processo.

O exemplo de Pareto é muito interessante: poderosos interesses individuais (A) de quem estava assumindo o poder político (a burguesia emergente na Inglaterra) determinaram a política do "free trade" (B). A teoria (C) só veio depois, mas não teve importância na sua efetivação. Só racionalizou-a e aumentou a resistência à volta da proteção.

Ele fez uma previsão: se e quando (A) mudasse (aumentasse o poder político dos trabalhadores), a política protecionista poderia voltar e a teoria (C) iria se ajustar, como aliás, foi o caso de Keynes.

Substitua (A) por interesses da classe financeira que assumiu lentamente o controle político nos Estados Unidos depois de 1980; (B) pela desregulação das atividades produzida por esse controle e verá como nasceu a teoria (C) dos mercados perfeitos para dar-lhe racionalidade...

ANTONIO DELFIM NETTO escreve às quartas-feiras nesta coluna.
contatodelfimnetto@terra.com.br


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10 de janeiro de 2010

as elites políticas: questões de teoria e método

[Praça do Patriarca, 2003.
Tuca Vieira.
Pirelli/MASP]

Em dezembro de 2009, Renato Perissinotto lançou, pela Editora IBPEX, de Curitiba, o livro
As elites políticas: questões de teoria e método

Abaixo, leia a "Apresentação" do volume:

Este livro pretende apresentar ao leitor as principais características daquilo que ficou conhecido na teoria social e política como “teoria das elites”. Não é nossa intenção esgotar o assunto e nem mesmo tangenciar todas as questões que esta teoria suscitou nos últimos cem anos. Como se trata de uma obra introdutória, o autor procurou identificar os fundamentos da teoria das elites, suas principais proposições e, por fim, os seus desenvolvimentos posteriores.

Para tanto, o livro está organizado da seguinte forma. Na primeira parte, o leitor encontrará a exposição das idéias principais dos pais fundadores da teoria das elites. O primeiro capítulo é dedicado à obra de Gaetano Mosca, o segundo, à de Vilfredo Pareto, e o terceiro capítulo discute a sociologia de Robert Michels. A segunda parte do livro dedica-se a analisar os desenvolvimentos posteriores realizados pelos cientistas políticos do século XX. Apesar do número de autores que lidaram com as questões típicas da teoria das elites ao  longo do século passado ser muito grande, resolvemos, por razões didáticas e por problema de espaço, reduzir essa segunda parte aos estudiosos que protagonizaram um dos mais importantes e profícuos debates metodológicos da ciência política contemporânea, a saber, o debate entre elitistas, pluralistas e teóricos da não-decisão. Ainda nesta segunda parte, apresentamos a crítica dos sociólogos e cientistas políticos de inspiração marxista aos pressupostos da teoria das elites. Por fim, à guisa de conclusão, apresentamos alguns argumentos segundo os quais, apesar das críticas e dos problemas encontrados na teoria das elites, justifica-se, do ponto de vista científico, estudar as minorias que comandam as sociedades humanas.

O espírito que orientou a elaboração deste livro foi o de revelar ao leitor os pressupostos normativos e ideológicos por detrás das proposições teóricas dos diversos autores aqui analisados. Ao mesmo tempo, porém, esforçamo-nos para colocar em destaque o valor científico de suas contribuições. Afinal, apesar de o sociólogo estar inescapavelmente mergulhado no mar de preconceitos e ideologias que inunda as sociedades humanas, só faz sentido se referir à Sociologia como uma ciência se o conhecimento que ela produz trás consigo ao menos algum grau de objetividade. Cada um a sua maneira, os autores aqui analisados sempre se guiaram por essa preocupação.

para comprar o livro,
clique aqui [Editora IBPEX]
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