15 de junho de 2015

da polícia à política

[Deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ)
crédito: Gazeta do Povo]


Da polícia à política: estudo de candidatos e eleitos à Câmara dos Deputados do Brasil provenientes das forças repressivas do Estado

by Adriano Codato, Fabia Berlatto

Das eleições de 1998 até as de 2014, 972 integrantes das forças policiais e militares se candidataram a deputado federal no Brasil. O objetivo deste paper é investigar os perfis social e político dos integrantes das forças repressivas do Estado que se lançaram na política institucional. Os dados indicam uma forte oscilação entre os grandes partidos de direita, os pequenos partidos de direita e os partidos fisiológicos de uma eleição e outra. Entre 1998 e 2014, por exemplo, a porcentagem de candidatos das forças nos partidos fisiológicos passou de 10% para mais de 30%.  Essa oscilação permitiu perceber uma característica importante sobre o grupo: há uma forte “infidelidade partidária” entre os candidatos oriundos das forças de segurança. Sugerimos que essa “infidelidade partidária” está ligada a quatro fatores: o primeiro é o fator legal, ou seja, ao impedimento constitucional de militares se filiarem a partidos políticos, exceto depois que são consagrados candidatos. O segundo fator diz respeito à estratégia política dos pequenos partidos fisiológicos em lançar muitos candidatos, inflacionando suas nominatas. O terceiro fator, que pode explicar a presença de candidatos com esse perfil também em partidos de esquerda ou mesmo de centro, tem a ver com demandas por reformas nas estruturas das polícias. E o quarto fator diz respeito à posição que assumem contra a política, os políticos e os partidos. A filiação a pequenos partidos e a partidos fisiológicos representa a intenção de se diferenciar dos políticos profissionais e do estilo de política que esses últimos praticam.


In: Congreso internacional: Élites y liderazgo en tiempos de cambio, 2015, Salamanca. Espanha, 10-11 junho.

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