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Bolognesi, B., Ribeiro, E., & Codato, A.. (2023). A New Ideological Classification of Brazilian Political Parties. Dados, 66(2), e20210164. Just as democratic politics changes, so does the perception about the parties out of which it is composed. This paper’s main purpose is to provide a new and updated ideological classification of Brazilian political parties. To do so, we applied a survey to political scientists in 2018, asking them to position each party on a left-right continuum and, additionally, to indicate their major goal: to pursue votes, government offices, or policy issues. Our findings indicate a centrifugal force acting upon the party system, pushing most parties to the right. Furthermore, we show a prevalence of patronage and clientelistic parties, which emphasize votes and offices rather than policy. keywords: political parties; political ideology; survey; party models; elections

11 de novembro de 2006

Eleições e a crise da agricultura

[A sweaty worker loading sacks
onto the McCormack line boat.
Brazil, 1939. John Phillips. Life]



Adriano Nervo Codato
Folha de Londrina, Londrina - PR, p. 2 - 2, 08 nov. 2006


Por que Lula (PT) não venceu nos três Estados do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Roraima?

Uma resposta segura para essa questão exigiria uma análise mais detida dos mapas eleitorais e da lógica da distribuição das preferências políticas. Mas arriscaria dizer que pelo mesmo motivo que Roberto Requião (PMDB) não venceu em Londrina, Maringá, Cascavel, etc.

O paralelismo aqui é claro: o eleitor de Lula é provavelmente o eleitor de Requião; e o eleitor de Osmar Dias é o eleitor de Geraldo Alckmin. O bom desempenho de Requião e de Lula segue o caminho da assistência social. E o mau desempenho tanto de Requião como de Lula segue geograficamente o caminho do setor agrário. Nesse sentido, a crise no setor agropecuário foi determinante para o fracasso eleitoral do governador e do presidente nessas regiões. Mas como essa crise se manifesta?

A crise do agronegócio se expressa antes de tudo como ‘‘antigovernismo’’. É um fenômeno mais ou menos complexo. O caso Requião/Lula ajuda a entender o problema. Penso que ele tem três dimensões: uma dimensão econômica, uma política e uma ideológica. O problema do câmbio (baixos preços para exportar), o problema da política monetária (altos juros para tomar emprestado e investir) e o problema do emprego (baixo índice de criação de empregos formais no setor agrário) alimentam e ampliam o descontentamento do eleitor. Pequenos, médios e grandes proprietários rurais (e os demais eleitores subordinados à lógica dessa economia) votam então contra ‘‘o governo’’, sem diferenciar se estadual, se federal.

Do ponto de vista político é preciso lembrar que o governo, qualquer governo, sofre desgastes, seja pelas brigas que compra, seja pelas que não compra. O que abre caminho para o desejo da ‘‘mudança’’, qualquer mudança. No caso específico do Paraná, o fator político foi o seguinte: as prefeituras do PT agora e antes, não foram um modelo de gestão administrativa a ser seguido, para ser educado.

Esse mudancismo, além disso, encontra sua razão de ser, do ponto de vista ideológico, em dois fatores: um ético e um técnico, que não se excluem. ‘‘Geraldo’’ foi a promessa ética contra a corrupção e o aparelhamento do Estado. E Osmar foi a promessa técnica a favor da agricultura. Aliás, ambos projetaram a imagem desejada do eleitor médio de classe média. Eles são ao mesmo tempo ‘‘iguais a nós’’ e ‘‘aqueles que sabem fazer’’ por nós. Mas se o recado de Osmar Dias foi entendido, o de Alckmin naufragou porque parecia retórico demais.

Referência:
CODATO, Adriano. Eleições e a crise da agricultura. Folha de Londrina, Londrina - PR, p. 2, 8 nov. 2006.

2 comentários:

Anônimo disse...

Professor Codato, há que se advertir que Requião também perdeu em grandes cidades que ou não tem atrelamento direto a agricultura ou também possuem outras formas econômicas para sobreviver independente desse setor. É o caso de Foz do Iguaçu e Curitiba. Daí cabe questionar que fatores levaram ambos candidatos (Requião e Lula) a perderem nesses locais¿ Decorre também, por parte da mídia nacional e regional, uma grande campanha anti-Lula e anti-Requião. Pra ficarmos no caso do Paraná, explorou-se em demasiado o caso Rasera sendo alimentado por um jornal e uma emissora e repercutido pela campanha de Osmar Dias, mas não se explorou a compra ilícita ou não do senador Dias; também houve "crise casada", com relação a segurança, entre parte da mídia e o mote do candidato Mussi(PPS-senador). Sendo assim, as questões que indago são: foi o setor da agricultura realmente o fiel da balança¿ Daí, como se trata a vitória oposicionista em outras grandes cidades¿ Com que tamanho fica a mídia diante da agricultura para colaborar com a definição do eleitor oposiconista¿

Marcelo disse...

Pergunta: admitindo que a mídia seja tendenciosa quem é mais atingido pelos apelos desta mídia? O agrigultor adépto do agro-negócio? ou populações mais desprovidas (cliantela das políticas demagógicas de Requião).
Neste caso os argmentos do governador que afirma que foi prejudicado pela mídia tem que ser revistos e questionados.